Pode parecer estranho o que lembrei agora: Talvez devido ao nome que me chamou atenção, na época, justamente por ser estranho: “Pega pra Kaputt”.
Lembro que não era só teu, mas foi teu nome que gravei relacionado àquele título que para mim tinha o sentido de um ditado que aprendi da boca de meu pai: “Pega pra Capar” significando a atitude do homem na hora em que realmente tivesse que mostrar o seu valor. Na hora do pega pra capar, dizia ele.
Antes já conhecia outros títulos ligados ao teu nome. A guerra no Bom Fim me fazia lembrar a relação existente com uma parte de minha cidade, onde se agruparam para veranear várias famílias de origem judaica e o bairro de Porto Alegre, do mesmo nome do título do livro e onde a história era contada.
Ainda hoje, quando passo pela Ramiro, entre a Osvaldo e a Jerônimo, lembro das garotas da época, talvez tuas conhecidas ou até amigas, rindo, do alto dos edifícios de então, quando eu passava envergando um uniforme verde-oliva, de soldado raso, que em nada se parecia com os ajustados modelos de hoje. Jamais imaginei, nem elas, que um dia seríamos vizinhos.
Tão estranho quanto o título que me fazia lembrar de ti, nunca nos encontramos nas ruas de nossas cidades. Talvez até tivéssemos nos encontrado, mas em patamares diferentes: Eu cumprindo a rotina de um trabalho que me permitia viver e procurar em cada rosto um sorriso que lembrasse minhas passagens pela Ramiro. Tu criando títulos na profissão e na literatura, até chegar à imortalidade.
Foi necessário que desse um passo, um pequeno passo em tua direção. Não que isso fosse necessário, pois tua simplicidade, mesmo sendo imortal, não exigia pompa para ter o ombro cingido por teu braço, para o registro imorredouro de uma recordação, através de uma fotografia, durante a 3ª Feira do Livro de Capão da Canoa, onde, tenho certeza, te sentisse em casa.
Artur Pereira
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